Você acredita que existe um motivo, uma razão por trás de tudo?
E em destino? Na ideia de que tudo acontece por um motivo?
A espiritualidade só cruzou meu caminho pra valer quando passei por uma fase especialmente difícil em 2018. É na hora em que a situação aperta que você começa a buscar algo que explique, que te dê apoio e força. Já vi isso se passar com muita gente para achar que aquele negócio só acontecia comigo.
Comecei a ler sobre o assunto, pesquisar. Fui para um retiro, busquei professores, fiz aulas e encontrei mentores. Uma verdadeira busca. Aos poucos, fui formando um conjunto de crenças pessoais, independentes da minha religião, numa colagem de várias fontes de inspiração e referência.
Eu acredito sim que as coisas acontecem por um motivo. Vejo cada pessoa que entra na minha vida como alguém que vem para me ensinar algo (tanto as que eu amo de paixão quanto aquelas que são mais difíceis de engolir). Cada dificuldade que enfrento também tem este caráter: eu acredito que aquele desafio vem me ensinar a ser mais flexível, menos mandona, mais calma, menos controladora.
Um dia, estava ouvindo um podcast (eu esqueci qual era, me desculpa!) e duas mulheres discutiam esta mesma visão de que tudo acontece por um motivo contra a noção de livre-arbítrio, de que somos autores e autoras de nossas próprias histórias. A primeira traz um conforto enorme, é uma fonte de paz e confiança de que tudo vai dar certo. A segunda, por sua vez, é um testemunho da nossa própria capacidade de ação, de racionalidade e de potência individual.
Se eu acredito que tudo acontece por um motivo, onde fica a minha liberdade de escolha? Como conciliar as duas?
Uma das apresentadoras (Será que era a Brené Brown? A Elizabeth Gilbert? Não consigo lembrar, que raiva), esboçou uma solução: “Eu escolho a alternativa que eu quero na hora que me convém!”, brincou.
Em junho, comecei a estudar Filosofia – algo que sempre quis fazer. E eis que chega a aula sobre determinismo (esta noção de que o que acontece era mesmo o que tinha que acontecer) versus livre-arbítrio, mas com uma surpresa que eu não podia imaginar: a teoria do compatibilismo.
Em linhas gerais, os compatibilistas (que nomezinho, gente, peloamor) acreditam que é possível sim conciliar as duas noções. De que mesmo vivendo num mundo determinado, temos espaço para livre-arbítrio e somos donos das nossas próprias ações (e suas consequências). Somos responsáveis por elas quando usamos a nossa razão.
Para o compatibilismo, somos livres quando agimos de acordo com nossas próprias vontades.
Não imaginava que um curso de Filosofia poderia trazer tanta paz de espírito. Se você for entrar pra valer nos cânones da filosofia contemporânea, não há espaço para toda essa discussão espiritual – e não acho que existam muitos filósofos que curtem jogar tarô, estudar o mapa astral e afins.
Mas agora que descobri que posso sim usar o compatibilismo para conciliar o meu lado racional com as minhas crenças, decidi que posso também usar a Filosofia e a espiritualidade quando cada uma delas me convier.
E você? Acredita no quê? Conta pra mim!
🤓 Quer aprender um pouco mais?
Sobre Filofosia: Um vídeo bem explicativo sobre compatibilismo
Sobre espiritualidade: Vale seguir as maravilhosas Mariana Nahas e Livia de Bueno
🤷♀️ Ainda não está inscrite? Então aperta aqui:
Super interessante, Carol! Por curiosidade, onde você está fazendo o curso de filosofia?
Carol, claro que todas as pessoas que se aproximam de nós, nos ensinam algo. Aprender, o que for , com o outro, é algo inerente as relações humanas. Não necessariamente tem relação com “a pessoa terem vindo até vc com essa missão” pq era seu destino. Claro que as dificuldades nos ensinam tb! Qlq delas, em qlq nível, pois somos seres que aprendem, reaprendem…inerente a condição humana! Por muitas evidências não acredito em destino, mas o motivo mais óbvio é o de que somos agentes principais e responsáveis por tudo que acontece ao nosso redor! Não sou fatalista: “era pra ter sido assim, o destino me trouxe aqui…” como se fôssemos meros robôs! Acredito que imprevistos podem acontecer, mas provocados por estarmos “na hora e no lugar errado” que fomos ou estamos por nossa decisão. As consequências são dos nossos atos, não do destino inexorável - Eclesiastes 9:11. Bjos! Ótima reflexão!