5 dicas bacanas #54
Jhumpa Lahiri, Sandman, um podcast e uma newsletter literários e um pedido especial
Uma autora: Jhumpa Lahiri. Mergulhei na obra dela nestas últimas duas semanas para o meu mestrado e estou apaixonada. Nascida em Londres em uma família de origem indiana, Lahiri cresceu nos EUA. Sua obra fala sobre identidade, pertencimento, adaptação, exílio e de um coração dividido entre duas culturas. Li os contos de Intérprete de males (Biblioteca Azul), ganhador do Pulitzer, e In Other Words (Vintage Books, sem tradução para o português), livro de memórias sobre a decisão dela de aprender italiano e passar a escrever em uma nova língua. São maravilhosos.
Uma série: Sandman (Netflix). Baseada nos quadrinhos de Neil Gaiman (que produziu a série), é um evento em si. Os quadrinhos são um ícone cultural e marcaram algumas gerações. Eles chegaram tarde para mim, como um presente de um amigo querido. Na época, bateu um preconceito enorme e deixei de lado. Que engano. Estou apaixonada pela série e correndo para botar as mãos no primeiro volume dos quadrinhos. Com personagens como o Rei dos Sonhos, Morte, Desejo e Lucifer, Sandman te convida para uma viagem fantástica para o mundo dos sonhos e traz reflexões belíssimas sobre vida e morte. Não perde.
Um podcast: Book Exploder. Do criador do incrível Song Exploder, este novo podcast traz autores para contar como foi o processo de escrita dos seus livros. Ele é apresentado por Susan Orlean, autora do The Library Book. O episódio de estreia discute justamente esta obra e é uma preciosidade. Não vejo a hora de entrar o próximo.
Uma newsletter: Segredos em órbita, de Vanessa Guedes. Demorei para trazer essa dica perfeita pra cá. Eu amo esta news e adoro os textos e as reflexões da Vanessa. A última edição me pegou de jeito. Olha isso (e se inscreve):
Para muita gente da minha faixa etária – 30 anos –, ou mais velha, manter uma newsletter, um insta, um tiktok, etc, é praticamente um segundo trabalho. Principalmente se a profissão da pessoa depende disso. Mas para gente mais jovem, manter uma persona online é simplesmente parte da experiência de existir. Não há uma separação entre o concreto e o abstrato.
Uma história e um pedido: Falei da Turma do Jiló na edição passada e venho aqui pedir sua ajuda por um motivo muito nobre: a Carola Videira, fundadora da associação, está concorrendo ao Prêmio Empreendedor Social da Folha de S.Paulo. Conheço de perto o trabalho da Carola e da Turma: eles desenvolvem projetos para inclusão de pessoas com deficiência e para ampliar a diversidade dentro de escolas e empresas por meio de educação inclusiva e influência em políticas públicas.
O prêmio é muito importante para a Turma do Jiló - e eles precisam de votos. Vem votar aqui e ajudar a fazer o bem! E se você quer conhecer um pouco mais da história da Carola, olha só:
Com 28 anos, era gerente comercial de uma multinacional, quando tirei licença maternidade para ter meu primeiro filho (João/2008) e quando voltei para o escritório meu chefe me chamou e disse: "Carola que bom que voltou. Agora você precisa escolher entre ser mãe, esposa ou ser parte desse time, pois as 3 coisas você não pode ser". Fui chorar no banheiro! Não tive coragem de contar que fazia uma semana que tinha descoberto que meu filho era uma criança com múltiplas deficiências e que estava arrasada. Engoli o choro e disse para mim mesma que daria conta de tudo. Um ano depois, na convenção anual da empresa, fui premiada como colaboradora revelação por ter batido todas as metas. Subi ao palco e pedi demissão. Falei em alto e bom tom que eu poderia ser o que eu quisesse ser. Nesse momento eu estava implorando para alguma escola comum aceitar meu filho, que nunca andou, nunca falou e nunca fez nada sozinho a não ser sorrir para mim todas vezes que me via. Consegui uma escola, mas escutei de todos os professores que ele não aprenderia nada. Que só terias amigos. Mas como pode uma neurocientista escutar isso? Todo cérebro aprende... falei para a escola que eu rasgaria meu diploma se não mostrasse que ele aprenderia. Me mudei para Boston para buscar tratamento para o João e para estudar Educação Inclusiva e Gestão das Diferenças (já tinha um mestrado e um MBA na época). Tive outra filha, Maria, sem deficiência. Descobrimos que o João era capaz de controlar seus olhos e com um equipamento de ponta ele foi capaz de aprender e se desenvolver através de um computador. Já estávamos em 2015 e eu terminando um projeto para criar uma ONG de educação quando comecei a escutar que precisava "ser da educação"para poder criar a ONG. Lá fui eu para o doutorado em Violência Escolar e fundei a Turma do Jiló. Depois de 3 anos hercúleos, tentando captar dinheiro, acelerar e ouvir muito “não posso te ajudar”, resolvi tornar a empresa auto-sustentável. Passei a prestar serviço para grandes empresas nacionais e internacionais e destinar o lucro para o projeto nas escolas. Precisei fazer mais duas formações de peso, uma em ESG e outra em Formação de Conselho de Administração. Passei a atuar e conversar com a alta liderança e o projeto da Turma decolou. Mas o meu João faleceu em novembro do ano passado. Fazem sete meses que não vejo meu menino sorrir. Esse prêmio tem um alcance enorme e eu estou concorrendo na categoria Direitos Humanos. Quero mostrar para o mundo que a educação inclusiva é uma pauta que merece visibilidade e que vamos continuar nessa luta até que todas as crianças tenham direito a uma educação equitativa e de qualidade sem deixar ninguém para trás. Bora??