Eu gosto de histórias de crescimento. De ser testemunha da evolução dos personagens que são inocentes e não têm ideia de tudo que a vida exigirá deles para poderem amadurecer. São livros difíceis, não tenha dúvida, mas mostram, de alguma forma, os caminhos que tomamos para podermos ser quem somos.
Este gênero é o dos romances de formação, que nasceu na Alemanha com Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, de Johann W. Goethe. Na ambiente acadêmico, existe um enorme debate sobre quais livros podem ser considerados verdadeiros Bildungsromane, a definição original em alemão. Para os puristas, só valem os livros escritos na Alemanha durante o século 19 com protagonistas homens que atravessam uma jornada, enfrentam desafios e dores e crescem tanto intelectual e psicologicamente quanto em aspectos morais.
Para quem gosta definições oficiais, eu trago a de Wilhelm Dilthey. Para ele, o Bildunsroman é:
"A história de um jovem que ingressa na vida em um estado de felicidade ignorante, busca almas afins, vive amizade e amor, luta com as duras realidades do mundo e, assim, armado com uma variedade de experiências, amadurece, encontra a si mesmo e sua missão no mundo."
No entanto, quando estudei o tema no mestrado, construí uma visão mais inclusiva e diversa sobre o que pode ser um romance de formação. Ele pode ter uma protagonista mulher, pode ser contemporâneo, em formato de histórias em quadrinhos… Precisa apenas retratar uma jornada de amadurecimento - o que pode acontecer em qualquer etapa na vida, e não apenas durante a juventude.
O que eu mais gosto é que estes (ou estas!) personagens precisam entender quem realmente são e o que realmente gostam e, depois, enfrentar as pressões da sociedade que pedem que todos nós caibamos em moldes pré-estabelecidos. Muitos dos protagonistas dos romances de formação têm um viés artístico forte e vários são - ou desejam ser - escritores. Desde Goethe vemos histórias de jovens que querem escrever e são pressionados pela família a procurar qualquer outra profissão que dê mais dinheiro. Na época dele, o comércio. Hoje, que tal fazer um MBA ou estudar engenharia?
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