Olá, tudo bem?
Parece que janeiro voou… e já estamos na última sexta-feira do mês, o que quer dizer que chegou a hora das minhas dicas do mês. Mas antes de tudo, um convite especial:
Meus livros favoritos das férias
Na casa dos sonhos, de Carmen Maria Machado (Companhia das Letras). Simplesmente genial. Um livro de memórias no qual a autora conta sobre o relacionamento abusivo que viveu com outra mulher, mas chegando aos limites do gênero literário. Com vários capítulos curtos, ela narra a história como se fosse uma comédia, uma utopia, uma história de terror… Não conseguia largar.
A casa de doces, de Jennifer Egan (Intrínseca). O livro “irmão” do meu amado A visita cruel do tempo, ele constroi um cenário de diversos personagens que precisam lidar com as formas com que a tecnologia impacta a nossa vida e a nossa memória. Bix Bouton é um empresário que criou uma ferramenta que permite a humanidade fazer o upload da sua memória na rede, para ser compartilhada. As consequências são assustadoras e nos lembram da casa de doces da história de João e Maria: aquilo que parecia um presente tentador na realidade tem custos ocultos enormes. Imperdível
Aos prantos no mercado, de Michelle Zauner (Fósforo). Em seu livro de memórias, a vocalista da banda Japonese Breakfast (virou um vício) conta sobre a relação com a mãe e a morte dela precoce por câncer. Um livro sobre luto, mas também sobre todas as formas complexas em que uma mãe e uma filha podem se amar e sofrer uma com a outra. Dica das queridas Sarah Germano, da
, e da Bárbara Bom Angelo . Belíssimo.Afetos ferozes, de Vivian Gornick (Todavia). Também dica da Bárbara, também um livro de memórias sobre a relação da autora com a mãe. Forte, difícil, potente. O que mais me pegou foi a forma como Gornick narra a revelação que foi a descoberta do espaço interno que o pensar e o escrever cria dentro dela - e o prazer deste reconhecimento. Me fez refletir sobre o quanto também amo viver essa vida da mente.
Correntes, de Olga Tokarczuk (Todavia). Que livro difícil. A ganhadora do Nobel de Literatura explora os limites da ficção para falar sobre como as viagens nos deslocam no mundo - não só externamente, mas internamente também. Quase desisti no meio, mas aos poucos fui entendendo como todas aquelas narrativas se entrelaçavam. Quando ela fala sobre a nossa busca de estar no lugar certo na hora certa, senti que estava no livro certo também.
Os filmes que mais amei
Aftersun, de Charlotte Wells. Parece um livro de memórias: fragmentado, impreciso, poético. A viagem do pai com a filha pré-adolescente na Turquia. A compreensão de que ela não é mais criança, mas ainda não entende o mundo dos adolescentes e adultos. A dificuldade de enxergar que o pai dela não está bem. Lindo lindo.
Stutz, de Jonah Hill (Netflix). Hill decide fazer um documentário sobre o seu psiquiatra, Phil Stutz, para levar para o mundo as ferramentas dele. São práticas e potentes e me deram vontade de assistir ao filme diversas vezes. Ao mesmo tempo, a relação dele com o médico e a história de Stutz são belíssimas. Dica maravilhosa da Gi Gueiros, da
. Um documentário comovente.The Menu, de Mark Mylod. Uma comédia (?) no maior estilo eat the rich (ricos se dando mal; veja também Triangle of Sadness e Parasita). Me fez rir de raiva e pensar em todas as formas horrorosas com que as pessoas podem se comportar. Uma mini-identificação com Tyler, personagem de Nicholas Hoult, me fez querer levar o filme para a terapia: também me empolgo com aquilo que acho que vou gostar e se bobear, viro mulher-palestrinha. Que horror.
White Noise, de Noah Baumbach (Netflix). Só de ter este diretor e o Adam Driver e a Greta Gerwig já não é credencial suficiente para um filme? Uma energia caótica (alô,
) e uma crítica ácida à nossa sociedade, onde tudo acabaThe Boy, the Mole, the Fox and the Horse, de Peter Baynton (AppleTV+). A adaptação do livro-coração de Charlie Mackesy é um programa maravilhoso com as crianças. Um curta que nos ajuda a conversar com eles sobre os medos e inseguranças que todos temos.
Ufa! Por hoje é só. Curta as dicas com calma, que final de fevereiro tem mais :)
Um abraço,
Carol
Dicas preciosas compartilhadas na nossa newsletter! <3
Adorei as dicas e dos livros fiquei bem curiosa com Correntes, mas eu acho os livros da Olga bem difíceis, densos... adorei “the menu” tbem e vou atrás de White noise que não vi. Bjs