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Disclaimer: este texto não é, de forma alguma, um reforço da dieta de cultura e do culto à magreza. É apenas uma brincadeira de uma mulher de quase 40 anos que vive querendo perder só mais dois quilos. Foi escrito para ler enquanto toma um Tablito na beira da piscina, tá?
Encontrei uma das minhas piores inimigas ontem, bem no meio das nossas férias de verão. O Luiz me apareceu com uma balança aqui na casa da praia onde estamos hospedados e resolvi me pesar para ver o tamanho do estrago cometido nessas últimas semanas de esbórnia alimentar. Descobri, para meu imenso espanto, que a conta de todos os pedaços de panetone, dos copos de Negroni e dos aperitivos na piscina havia por fim chegado. Respirei fundo e disse para mim mesma que ainda temos 15 dias pela frente para reverter esse quadro. Me vi cheia de boas intenções, as melhores possíveis.
Apesar da comilança, ainda tinha esperança de passar ilesa. E não digo isso baseada apenas no meu otimismo; eu fiz o treino diário que meu personal deixou para as férias QUASE todos os dias. Agachamentos, abdominais, polichinelos … o pacote completo. Era bem possível que aquela meia hora diária estivesse fazendo efeito. Pelo menos eu achava.
Mas pelo visto, foi longe de ser o suficiente. Ou melhor, foi o suficiente para jogar o esforço de um ano inteiro de dietas e exercícios pela janela. A sensação foi de que usei as férias para tirar a barriga da miséria.
Desde o nascimento da Isadora, dois anos atrás, aderi a uma disciplina nova no cuidado físico. Aprendi a sentir o prazer de um treino intenso, da serotonina que invade o corpo, de comer de uma forma saudável, de me cuidar. Virei presa do mal que eu tinha certeza que nunca iria me acometer: viciei nesse bem-estar. Gwyneth Paltrow ficaria orgulhosa (mas me mandaria começar com o jejum intermitente).
Pelo menos até entrar de férias, quando toda a rotina saiu voando pela janela.
Mas após esse encontro com a balança, resolvi voltar à linha. Meu café da manhã seria apenas o meu iogurte, iria intensificar o treino (que agora sim seria diário de verdade) e o restante do dia seria uma combinação de saladas e proteínas. Declarei encerrada a temporada de picolés, queijos e torradinhas mil e vinho no almoço. Iria voltar mais magra do que quando saí de férias. Estava decidida.
Mas cheguei no café da manhã e tinha pão francês. Fresquinho. Branquinho, do jeito que gosto. Ah, só hoje. Devo ter passado o ano de 2023 inteiro sem tocar em uma daquelas perfeições, comida dos deuses, só pode ser. Nada melhor nesta vida do que pão francês quentinho com manteiga.
Fiquei me sentindo estufada de tanto comer e desisti de treinar. Fui para a praia brincar com as meninas e, quando vi, estava plantada em frente ao carrinho da Kibon, com uma escolha de Sofia nas mãos: Fruttare ou Cornetto?
A Bia escolheu um Tablito e eu tive que imitá-la: um brinde à sobremesa secreta que meus avós reservavam para mim e minha prima depois dos jantares de Shabat. Comíamos escondidas na cozinha, enquanto o resto da família tinha que se contentar com um prato de fruta e mousse de morango com gelatina. Trinta anos se passaram e vi que o picolé ainda tinha o mesmo sabor delicioso de proibido.
Voltamos da praia para casa justo na hora do aperitivo e a essa altura eu já tinha desistido de fingir que tinha algum tipo de autocontrole. Me atirei em um mar de torradinhas e patês, me empanturrei de queijo, caprichei e fiz uma rodada de Aperol Spritz para todo mundo. Mal tinha espaço para o almoço, mas não podia fazer feio com as empadinhas da minha mãe.
Quando chegou o bolo de tapioca com calda de leite condensado, não havia mais nenhum fiapo de hipocrisia em mim: comi uma fatia… e ainda repeti.
Estou agora na cama, ainda pesada de tanta comida, em meio a um diálogo interno duplo. Sou anjinho e demônio, presa à eterna tentação encarnada pela frase "Só hoje". Prometo a mim mesma, com a força de um juramento: amanhã há de ser diferente. E se não for, na volta das férias eu dou um jeito. Afinal, amanhã é dia de churrasco - e estar magra não é tão gostoso quanto um pedaço de picanha.
hahaha amei e te entendo. taurinas, né?
Lendo isso enquanto troco meu café da manhã da dieta por um saquinho cheio de mini pães de queijo. Tava quentinho, o cheiro debaixo do meu nariz na padaria, sabe? Não tinha como kkkk
Que delícia ter seu cronograma de textos maravilhosos de novo <3