Quando eu comecei esta newsletter, não imaginava tudo que ela traria para a minha vida. Ela foi ao ar quando cansei de escrever só para mim. Já sentia que o meu burnout havia ficado para trás e estava entrando na reta final da gravidez da Isadora. Passara os meses anteriores escrevendo páginas e páginas no meu caderno, que aos poucos foram transbordando para contos, crônicas e ensaios. Queria um lugar para mostrar tudo aquilo para alguém.
Eu estava no meio do processo do livro O caminho do artista, da Julia Cameron. Nele, a autora nos convida a realizar uma série de tarefas para desbloquear aos poucos o artista interior de cada um. Estava funcionando: eu saíra de um lugar escuro e claustrofóbico onde não me reconhecia mais e aos poucos começava a reencontrar partes minhas que foram soterradas por tantas pressões internas e externas.
A veio a ideia veio num sábado à noite. O Luiz estava consertando algo na cozinha, a Bia brincava no iPad com uma amiguinha e eu, que tinha um tempo só para mim, estava terminando uma atividade inspirada no Caminho do artista. Eu já namorava a ideia de uma newsletter havia um tempo, mas tive um estalo naquele momento: o nome. Achei perfeito, era como um convite: criar um lugar para poder falar, desabafar, escrever. E o melhor: sem a pressão de ter que caber em um nicho só ou uma estratégia de marketing de conteúdo desenhada para acelerar o ganho de inscritos, likes e engajamento.
Depois dos quase 10 anos à frente do Finanças Femininas, eu me esgotei de tentar me encaixar num modelo único. Era como uma caixinha que dizia: tudo na sua vida tem que refletir a persona da influencer de finanças que você se tornou. O que eu lia, as férias que eu tirava, os lugares que frequentava. A vida empobreceu: tudo o que não cabia naquilo era devidamente cortado.
O primeiro texto para a newsletter foi justamente sobre este tema. Naquele sábado à noite, criei um layout, um logo, um nome, e programei o primeiro post. Avisei a minha família e amigas mais próximas que iria lançar uma newsletter. Assina aqui, vai. Depois de uma década produzindo conteúdos para centenas de milhares de mulheres, eu comecei a escrever para umas dez pessoas. Foi libertador.
A newsletter completa dois anos nesta semana. Não consegui evitar de pensar em tudo que mudou por aqui. Foram tantos ganhos, mas o principal foi com a minha escrita. Este foi o lugar onde passei a levar a sério o que escrevo, a entregar com periodicidade, a não deixar pular uma única edição (quase nenhuma, vai). Lançar esta newsletter foi um compromisso que estabeleci comigo: eu teria que escrever toda semana, com ou sem vontade, tempo, assunto, inspiração ou disposição. Algumas edições foram melhores que outras, mas assim senti o meu texto melhorar. Me tornei mais confiante. Comecei a pensar melhor ao longo do dia-a-dia para ter o que escrever aqui toda quarta-feira.
Mas o que eu não esperava era a quantidade de gente incrível que eu iria conhecer por causa desta newsletter. Eu ganhei amigas, amigas de verdade. A comunidade que foi se criando em torno de todas essas mulheres que têm o mesmo propósito com a escrita foi algo maravilhoso para mim. São novas amizades, desta vez ligadas por uma profunda afinidade. Essas mulheres amam ler e escrever tanto quanto eu.
Não imaginava também que iria ler tantas outras newsletters, aprender tanto. Já contei por aqui como um dos meus momentos favoritos da semana é o de parar para ler as newsletters que acompanho. São escritores e escritoras que contam do seu dia a dia, dos seus processos criativos, das suas leituras, seus ódios e paixões. Aprendo tanto com cada um deles.
Eu achava que esta newsletter seria um lugar para treinar minha escrita. Ela se tornou o centro de uma vida que não para de mudar. A chegada da minha segunda filha, a entrada no mestrado, meus novos projetos profissionais… Todos eles se encaixaram em torno do que escrevo aqui.
Faço esta newsletter por puro amor. Ela se tornou uma parte inegociável de mim e do que amo fazer. Obrigada por fazer parte. Parece clichê, mas é verdade: a magia aqui só acontece quando tem alguém para ler.
A sua é a irmã mais velha da minha que completa 1 ano agora. Seu movimento foi inspirador. Parabéns, Carol!! <3
Eu amo tanto sua escrita e amo tanto que ela trouxe você para minha vida. Que marco tão lindo para se comemorar. Longa vida para a "Vou te Falar"