Leia mulheres

Dossiê literário #3: 10 livros das minhas autoras preferidas (e uma enquete)

Crédito: DALL-E (com criação minha)

O cânone literário parece ser um local mais acessível para os homens do que para as mulheres. Basta pensar na lista de livros que líamos na escola, os livros para o vestibular… Quando pensamos em clássicos, normalmente pensamos em homens, de Tolstoi a Hemingway, de Dostoievski a Thomas Mann, de Eça a Machado.

O motivo é simples - basta pensar em como estes livros são eleitos para o cânone. Esta é a lista da “literatura que merece ser preservada”, de acordo com a definição de Richard Ohmann. Mas quem escolhe isso? O livro que chega até nós depende do olhar dos editores e agentes literários, passa pelo crivo dos jornalistas especializados e críticos e é estudado por acadêmicos. O hype de um livro é intermediado por uma cadeia produtiva que está em funcionamento há mais de um século. É um mercado completo - e não é surpresa para ninguém como este (assim como tantos outros) mercado funciona sob o signo da desigualdade de gêneros.

Não é que as mulheres não estejam neste panteão - Virginia Woolf e Clarice Lispector estão aí para provar -, mas o caminho percorrido por elas é mais tortuoso. Sugiro que você faça um exercício e olhe para suas estantes: quantos dos livros que você leu recentemente foram escritos por mulheres?

O meu ponto aqui não é puxar a orelha de ninguém (afe), mas sim fazer um convite: se você lê poucas autoras mulheres, está perdendo muito do que a literatura tem a oferecer. Quando lemos um livro, ganhamos acesso à experiência do outro com a ajuda da nossa imaginação. Seja você homem ou mulher, ao ler um livro escrito por uma mulher, você consegue entender um pouco da vida dela, das escolhas, dores, desejos e sofrimentos. Consegue se colocar no lugar dela e entender de onde ela fala. Consegue enxergar um pouco de si nas palavras dela e entender a si mesmo (ou mesma) melhor. Se lemos apenas homens, ficamos restritos em nossa imaginação, empatia e visão de mundo.