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Sobre poesia, listas e coisas da nossa cabeça

Entrevista com Luiza Mussnich
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Na edição de hoje, a entrevista é com Luiza Mussnich. Nascida no Rio de Janeiro, em 1991, é autora dos livros de poesia Tudo coisa da nossa cabeça (2021) e Lágrimas não caem no espaço (2018), entre outros, publicados pela 7Letras. Falei dos poemas dela aqui, lembra?

Você pode conferir uma parte do nosso papo em vídeo. Abaixo, uma versão editada e condensada da entrevista.

Como nasceu Tudo coisa da nossa cabeça?

Quem escreve poesia escreve porque não tem outra opção, é quase uma convocação, um chamado. Esse livro estava tava dentro de um livro maior, mas eu achei que merecia vida num livro único. Essa ideia de fazer um livro só de listas e peitar de que aquilo era poesia… Existe um elemento distintivo que separa uma lista qualquer de o que pode ser considerado uma lista-poema. Virou um livro a partir do momento que eu percebi que era um projeto que tinha uma razão de ser, com uma reflexão por trás. A ideia era ser um livro simples mesmo. O simples eu amo, o simplório eu corro.

Quais são as coisas que só a poesia diz?

O que separa um sorriso de esgarçar de dentes? O que separa uma obra de arte de um objeto, de uma escultura para um objeto? Eu diria que tem um elemento distintivo, que é a poesia. A poesia é uma entrelinha, poesia é um brilho, é uma mágica que que tá entre as palavras, que concatena as ideias de uma forma luminosa. Eu acho que a poesia diz as coisas que não cabem de nenhuma outra forma, que ela traz a força da linguagem para fora. Ela faz com que as palavras ganhem uma nova dimensão, com que não sejam só palavras, que sejam palavras que a gente toma no corpo.

Como é o seu processo criativo?

Tudo pode ser uma fagulha para a escrita. Eu acho que o importante é estar com os sensores ligados, o olho, o ouvido, o corpo, acho que você tem que estar sempre captando para escrever poesia. O meu processo é caótico porque ele começa de uma forma estranha. Escrevo num bloco de nota do celular, ou pego um caderno, ou vou direto pro computador e começo a jogar algumas ideias. Uma hora falo: Tá bom, vamos transformar isso em poesia. Eu vou juntando, cola, copia, corta, edita, deixa o poema descansar, e aí volto para ele, porque na poesia não pode faltar uma palavra. Você tem que ir cortando e lapidando e tem que ficar aquilo ali, é quase um objeto visual.

Qual é o livro que mais te marcou na sua vida e qual o livro que você acha que todo mundo tinha que ler?

O livro de mais me marcou foi As pequenas virtudes, de Natalia Ginzburg. Ela escreve muito com substrato da própria vida e eu acho de uma sinceridade e verdade tais que quem lê com certeza se torna uma pessoa melhor.

E todo mundo devia ler Água viva, de Clarice Lispector. Que foi quem me fez querer escrever. Clarice escreve com o corpo, e o Água Viva é uma experiência de divagação e de investigação da própria linguagem do próprio sentir.

Um aviso: quando você compra um livro indicado aqui, a Amazon me paga uma comissão. Isso não encarece a compra - e não muda o meu critério de indicações daqui. Esta é apenas uma forma de remunerar este trabalho.

Expediente

Texto: Carolina Ruhman Sandler

Colagem: Roberta Chvindelman

Transcrição: Camila Mazzini

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