Ter um recém-nascido é um querer que o tempo passe mais rápido e, ao mesmo tempo, que se congele naquele instante.
A cada sorriso (que o pediatra jura que é reflexo, mas mãe sabe que não), meu coração para. Quero poder viver eternamente naquele instante.
Quando uma mamada se estende pela madrugada e se embola no horário da próxima, quero acelerar tudo para poder ir logo para a cama. O cansaço nessas horas é brutal.
Os primeiros dias de vida de um bebê são assim, intensos, belos, cheirosos, cansativos, deliciosos, cheios de recompensas para quem estiver presente. E este tem sido o meu maior exercício: viver com presença, intensamente, a cada minuto.
Não é fácil, vou te falar. Para quem dormir por duas horas ininterruptas virou um luxo, tem horas que a exaustão domina e tudo o que se pensa é ‘quando é que essa neném vai dormir a noite toda?’.
O desejo é de ter um botão para acelerar a vida, como o do WhatsApp, para poder pular os momentos mais difíceis. Mas a maternidade borrifa os momentos de doçura sem a menor cerimônia e deixa-os espalhados por onde você menos espera. É no meio da madrugada insone que a Isadora faz os barulhinhos e carinhas mais doces que esta mãe já viu (desde a chegada da Beatriz, é claro).
Por isso, acelerar é perder - e nesta segunda vez que me torno mãe, tenho uma consciência dolorida disso. Lembro quando a Bia era bebê e vivia tudo isso com ela e me choco quando ela entra no quarto da irmã, enorme, do alto dos seus 7 anos, com suas questões de menina crescida. É um lembrete de uma frase que não é minha e que eu amo: na maternidade, os dias são longos, mas os anos passam voando.
Então exerço a presença. Tento amamentar de madrugada tal como monge, prestando atenção em cada respiração, em cada centímetro daquela pele, em cada fiozinho de cabelo. Na hora que doi, na hora que o cansaço é tão grande que parece que vai me derrubar, na hora em que ela chora brava pela trigésima oitava vez naquela noite, eu me lembro: vai passar, e vai passar rápido demais.
Eu achava que a beleza de ter um segundo filho era que você tinha mais tranquilidade e menos medo para aproveitar aquilo - e isso é verdade. Me disseram que o segundo era tão bom que todo mundo devia ter ele antes do primeiro. Mas o que eu não esperava era que a melhor parte era sentir na pele e saber a fundo que passa rápido demais, então melhor aproveitar cada instante.
Nessas horas, canto mais uma canção, namoro cada cílio daquele olho perfeitinho e respiro fundo, atenta e presente a tudo.
Maravilhoso!!!!