Eu não aguento mais abrir a câmera no Zoom.
Devo confessar: eu já menti e disse que a minha internet estava ruim. Nas primeiras vezes, me achei muito esperta – no início da pandemia, havia realmente muita gente cuja banda larga em casa não estava dando conta de tanta gente conectada ao mesmo tempo. O problema foi que não me atualizei com os tempos e, com horror, descobri que aquela tinha virado a típica desculpa esfarrapada da pandemia. Manjada mesmo, sabe, quase um meme.
Entrei então num ciclo maluco, morta de vergonha, de tentar adivinhar o que os outros haviam pensado que eu estaria fazendo de câmera desligada. Será que tinham achado que eu estava na cama de pijama? É isso que eu pensaria dos outros, tenho que confessar. A cereja do bolo é que, pelo menos no meu caso, era a pura verdade. (“Mas eu estava no início da gravidez!”, grita aquela vozinha interna minha que não quer ser julgada de forma alguma).
Ainda assim, pensei comigo: tenho a minha dignidade a preservar. Numa lógica meio tortuosa, decidi partir para o humor e a autodepreciação, cheia de meias-verdades. “Ninguém merece me ver neste estado!”, eu brincava. Não deixava de ter razão. Sem maquiagem, sem look caprichado, toda descabelada – efeitos colaterais inevitáveis de passar tanto tempo trancada (“e grávida!”) em casa nessa maldita pandemia.
Mas não era só aquilo – e no fundo eu sabia. O que eu não queria, acima de tudo, era ser vista. Faz sentido pra você? Depois de tantos anos de exposição, eu entrei num momento mais introspectivo, mais fechada. Cansei de tantos stories, tantas lives, tantos calls. Daquela coisa de me arrumar só da cintura para cima, passa um batom, liga a ring light.
O meu lado bonzinho, aquele que só quer biscoito e amor, não consegue falar a verdade. Ainda não achei uma desculpa educada e verossímil para explicar o fato de que a minha câmera segue desligada.
Numa reunião com muita gente, uma amiga bancou: “Desculpa, eu adoro vocês, mas não vou ligar a minha câmera por nada deste mundo”. Eu morri de inveja. Eu até tentei copiar a estratégia uma vez, mas achei que caiu mal, fiquei péssima pelo resto do Zoom – e naquela altura, já não dava par voltar atrás e ligar a câmera com o rabo entre as pernas. Por que não consigo ser tão direta daquele jeito?
Tento explicar para mim mesma, digo que é a minha personalidade, meu signo, minha criação. Sou avessa a confrontos e morro de medo só de pensar em deixar alguém desconfortável. Passei a vida inteira preferindo o meu desconforto ao alheio. (“Pelo menos você é educada”, diz a voz da minha mãe que ficou presa na minha cabeça).
Mas agora o estrago está feito: resolvi vir aqui e confessar tudo isso (de novo a minha lógica meio insana). Na próxima vez que tivermos um call, a minha esperança é que você se lembre deste texto e me poupe da vergonha de ter que confessar que não quero ligar a câmera porque não quero e ponto final. Acredita em mim: não é nada pessoal, tá?
🙈 Você também se sente assim? Então manda este texto pro contatinho – te digo que é libertador tirar essa angústia do peito!
🧠 Você achou uma desculpa maravilhosa? Conta pra mim, tô doida pra saber:
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