Já no início do primeiro episódio da série-remake Cenas de um Casamento, uma pesquisadora pede ao casal protagonista (Jessica Chastain e Oscar Isaac, seus lindos) se definirem. Quem é você? Quem é você na história que passa na sua cabeça – e na dos outros?
Na hora que vi a pergunta, comecei a me definir também – foi algo quase automático. Sou mulher, mãe, esposa, filha. E na área profissional, ficou aquele cri cri cri de quem não sabe como responder.
Nos últimos 9 anos, minha mini bio foi só crescendo. Jornalista. Criadora do Finanças Femininas. Apresentadora disso, colunista daquilo, autora dos livros tal e tal. E assim por diante. Quando o burnout bateu e eu precisei me afastar do meu negócio, senti o definhar da forma como sempre me defini.
Quem é você, quando você não pode mais ser explicade pelo seu trabalho?
Fugi desta questão durante alguns bons meses, escondi-a a numa gaveta e fingi que perdi a chave. Resolvi tatear outros caminhos, guiada pelo desejo e curiosidade, sem nenhuma pretensão de que algum deles deveria ser o correto ou definitivo. Comecei a escrever as minhas páginas matinais, fui estudar escrita criativa e me matriculei em um curso de filosofia. Quando o desejo de compartilhar este processo e os meus escritos cresceu, nasceu esta newsletter.
A busca por me conhecer melhor me levou a lugares diferentes. Após uma leitura de mapa astral, passei a me ver como exploradora de mim. O que tenho feito é tentar me entender, me analisar e traduzir o que encontrei em palavras e textos que possam ser espelho para quem lê.
Aos poucos, neste reencontro comigo e com minhas paixões, comecei a me enxergar não pelo que sou, mas pelo que amo. Sou uma mulher que ama ler e escrever. Sou da turma das palavras.
Agora dizer que sou escritora? Como bancar isso? Se for honesta, confesso que este sempre foi o meu sonho. Mas e a vergonha, o gostinho incerto do “será que é prepotência demais me definir assim?”, a insegurança e o medo? O “será que sou boa o suficiente para isso?”...
Por isso, deixei este rótulo para lá – até que ele começou a surgir na boca dos outros. Engraçado, né? Eu sei que para ser escritora, basta escrever. Que não precisava de ninguém me autorizar. Mas foi só depois que as pessoas começaram a me chamar assim que eu me permiti me definir assim também.
Quando digo agora a alguém que sou escritora, falo ainda com aquela sensação de que alguém vai me desmascarar, só que com o tempero do orgulho de conseguir bancar pela primeira vez o sonho que sempre esteve aqui dentro. Vergonha e brio, tudo junto e misturado.
Ainda sinto que preciso me justificar, pedir licença – como se devesse uma explicação para o mundo. E cada vez que alguém diz que sou escritora (sem que eu precise falar nada!), vem um assombro do “se ela falou, então está falado!”.
E quer saber? Se eu ainda preciso da autorização externa para me definir como quero, faz parte do processo. Contudo, já posso me apresentar aqui para você:
Prazer, meu nome é Carolina e sou uma escritora.
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Nossa, tratei desse tema na análise semana passada. Adorei o texto!
Adorei e você é sim uma escritora. Suas newsletters são deliciosas de ler
E cheias de “food for thought”
Manda ver!!! Enquanto fizer se tido pra você!! Pra nós leitores, sempre interessante. Beijos e paz