Eu odeio alarme, ele diz toda manhã enquanto corro para desligar o celular. Como se alguém gostasse, a taurina em mim tem vontade de responder. Mas não adianta eu tentar rebater, não às 6.30, então está tudo bem por mim. Ele pode ser a Pessoa do Casal Que Odeia o Despertador.
Com as posições de cada um sobre o assunto tomadas, o peso de estabelecer os horários da casa fica para mim. Sou a responsável pelo alarme, por ser a primeira a levantar da cama, pelo horário de sair de casa e pelo ritmo a ser imposto no início do dia - e ao longo do resto também.
Não há nada que eu ame mais do que ver a etiqueta “sem alarme” na tela bloqueada do meu celular nas noites de sexta-feira e sábado. Não que faça muita diferença - as chances de eu ser acordada no fim de semana cedo pelo choro da neném que quer mamar ou pelo barulho da TV que a mais velha ligou são grandes. A verdade é que eu não preciso do despertador - algo ou alguém vai me acordar antes do horário.
Talvez o ato de estabelecer um limite para acordar seja apenas um resquício dos tempos em que eu conseguia dormir direto até 10h, ou quem sabe até mais. Saudades da adolescência, quando acordar às 13h era uma medalha de honra. Desde então, um medo ancestral de perder a hora ainda me domina - mesmo com uma recém-nascida em casa, o que não faz muito sentido.
Então a verdade surge. O Luiz estava certo, pois eu prefiro o alarme ao risco de chegar atrasada. Tenho pavor de deixar os outros esperando - ainda que isso signifique ficar enchendo a minha família toda para sairmos na hora certa cada vez que alguém precisa ir a algum lugar (detalhe: mesmo que eu não precise ir junto). Já aprendi que preciso estabelecer dois horários: o primeiro é o que informo a todos e o segundo é o horário certo de verdade, que eu não compartilho com ninguém. Se eles soubessem que tinham 10 minutos a mais, tenho certeza que sairíamos 20 minutos depois.
E olha que eu sou boa de pressionar, tá? Abro a porta de casa antes de eles estarem prontos, pergunto alto se já posso chamar o elevador, ando pelo corredor perguntando se pegaram suas máscaras e bufo ocasionalmente para perceberem que está na hora.
Quando o mundo ainda era preenchido por reuniões e compromissos externos, a minha regra era simples: chegar 10 minutos adiantada. Sempre fui do time ‘se você chegou na hora, está atrasade’.
Agora, enquanto amamento, sou a maníaca dos intervalos das mamadas. Se o pediatra falou que ele deve ser de 3 em 3 horas, vou seguir a orientação à risca. No meu aplicativo, você irá encontrar registros para acordar às 00:21, 00:32, 00:40 e 00:47. Perdi a conta de quantos registros como esses tenho no celular.
Quando encontrei um aplicativo que estabelecia um alarme automaticamente a cada início de uma nova mamada, me senti no ceu. Não precisava mais colocar novos alarmes, nem fazer as contas para saber que horas seria a próxima rodada (a minha cabeça não funciona mais depois de certo horário).
Neurótica? Sem sombra de dúvidas. Chata? Pode perguntar para a minha família. Meu marido insiste para eu aprender a pegar mais leve, mas não sei nem por onde começar. Não é que exista uma academia onde ganha quem levanta menos peso. Então decidi me aceitar assim e acreditar que a minha postura vai ensinar algo para as minhas filhas - só não sei se torço para que elas sejam como eu ou não.
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