Se você pudesse escolher de novo, qual caminho trilharia?
Eu já estava afastada do meu negócio há alguns meses quando esta pergunta começou a martelar o meu sono. No meio de uma insônia mais prolongada, veio a realização: eu tinha direito de mudar. Uma decisão tomada anos e anos antes não precisava ser eterna. Ela podia ser válida somente pelo tempo em que fizesse sentido.
Se eu pudesse fazer qualquer coisa, o que seria?
Perguntas como essas podem ser tão abertas a ponto de me deixar cheia de vertigem. Sabe essas com cheiro de frase motivacional do Instagram? Pois é.
No entanto, existem alguns momentos em que a resposta grita dentro de mim – se eu me permitir ouvir. Foi este o caso. Se eu pudesse escolher, voltaria a estudar. Estudaria literatura. História da arte. Quem sabe filosofia. Ou história...
Aquele caminho não foi trilhado aos 17 anos porque não parecia sensato. Meu pai me pressionava para escolher uma “profissão com P maiúsculo” e todos os testes de orientação vocacional me indicaram o jornalismo – uma opção boa para quem gosta de ler e escrever. Na hora de preencher a ficha do vestibular, não dava nem para pensar em alternativas como Letras ou História. Alternativo demais.
Mas agora, 20 anos depois, não existe mais aquela pressão. Agora consigo bancar minhas escolhas de uma outra forma. Quanto mais pensava no assunto, mais vontade sentia: quero voltar a estudar. Estudar o que eu sempre quis.
Comecei então a tatear. Estudar o quê? Cursos livres? Um mestrado? Uma nova faculdade? Presencial ou online? Se fosse online, daria para ser em uma universidade no exterior?
O formato foi se definindo com base em muita pesquisa. Eu gosto de ver todas as opções existentes para conseguir vislumbrar qual delas faria sentido para mim. Queria um mestrado em uma universidade americana para fazer online, mas difícil escolher entre tantas opções que gostaria de estudar. Literatura? História da Arte? Filosofia?
Foi quando descobri a opção do Master of Liberal Arts, o mestrado em belas artes, que reúne todas elas. O curso é multidisciplinar, flexível e o aluno pode reunir suas paixões em um programa só seu. Eu conseguiria criar o mestrado dos meus sonhos.
A partir daí, o processo se acelerou. Escolhi o curso e identifiquei a universidade. Comecei o processo de application para me candidatar a uma vaga. Documentos pessoais, teste de fluência em inglês, histórico acadêmico, currículo e o essay, o texto para contar por que eu, por que aquele curso, por que aquela universidade.
Esse processo levou três meses intensos, mas valeram a pena. No final da semana passada, recebi o email da Universidade Johns Hopkins contando que fui aprovada. Na hora, fiquei literalmente com as pernas bambas.
Fui transportada para o passado e o futuro simultaneamente. Vi a menina de 17 anos que fui um dia e que nunca havia se permitido sonhar com isso pra valer. Pensei na minha avó e na vontade de compartilhar aquilo tudo com ela (ela teria amado). Me enxerguei também em maio, começando o mestrado (cheia de novos cadernos e canetas, por favor). Estudando por prazer, com dedicação, para a consolidação de uma base intelectual sólida.
Logo que conheci o meu marido, ele me perguntou o que eu realmente queria da vida. Minha resposta foi simples: poder escrever, ler e estudar. Vinte anos atrás, esta opção era inexistente. Há dez, parecia uma maluquice. Hoje, virou realidade.
Carol, te considero uma amiga virtual muito querida e fiquei imensamente feliz em saber da novidade, principalmente porque esta nova jornada se parece muito com a minha.
Vou te falar (usando o gancho do nome da news), a gente se conheceu há um ano atrás mais ou menos, naquela palestra sobre finanças femininas que você fez pra gente na Previbayer. Naquela época eu já estava infeliz com a minha vida profissional. Sabe quando a rotina sem desafios não faz mais o nosso coração pulsar? Então, essa era a minha realidade.
O destino me trouxe a Barcelona, para acompanhar meu marido que está fazendo um mestrado. E então me vi ganhando de presente uma oportunidade para fazer aquilo que sempre quis: estudar gastronomia, um salto de fé!
Você sabe, esses movimentos requerem muita coragem. Se despir desse casulo tão confortável que nos acolheu por tantos anos é uma decisão muito difícil. Penso que a profissão é uma pele ainda mais densa que nos vemos com dificuldade de "abandonar". Ainda mais para nós mulheres que temos a nossa profissão como símbolo de independência e força.
As vezes eu fico pensando nos motivos pelos quais não dei esse salto antes, mas me acolho porque entendo que não poderia ser diferente. Minhas escolhas, e as suas escolhas, foram o melhor que a gente podia ter feito naquele momento. E que delícia é chegar nesse lugar com toda essa bagagem que só nos fez mais fortes, mais decididas, mais a gente mesmo.
Um beijo com muito carinho.
Ansiosa por saber mais detalhes sobre a sua nova (e deliciosa) caminhada.
Carol acho incrível como vc acompanha minhas fase. Na minha fase econômica mais difícil assistia seus vídeos e agora também te acompanho nessa nova fase de mudanças. Decidi voltar a estudar e entrei em um mestrado ano passado, estou desvendando novos caminhos e ao mesmo tempo voltando a ser a adolescente que adorava ler, estudar e ensinar. Parabéns e muito sucesso!