Esta newsletter nasceu dos textos que comecei a escrever depois do meu burnout. Primeiro, eles eram apenas desabafos, só para mim. Eram formas criativas de processar tudo o que estava vivendo. Não havia plateia alguma – e nem precisava ter. Escrever era suficiente.
Algum tempo depois, começou a vir a vontade de compartilhar com algumas pessoas. Meu marido, minha família, amigas. Fui fortalecendo o músculo de mostrar ao mundo algo tão meu – até surgir a ideia de criar um espaço de publicação.
A newsletter nasceu na intimidade e é alimentada por tudo o que me acontece. O que sinto, penso, leio, vejo, faço. A cada semana, confio que algo vai me tocar a ponto de virar semente e adubo para um texto. São meio crônicas, meio ensaios.
Um lado meu questionava: quem vai querer ler isso? Mas resolvi deixar esta pergunta para quem me lê. O meu trabalho é escrever –não queria partir do marketing digital para definir um público, uma estratégia e afins. Se o fizesse, tinha medo de voltar a me editar e tolher para caber numa caixinha digestível para o algoritmo. A única forma de garantir a autenticidade era abrir a intimidade.
Quando lancei, meu pai me perguntou se não era exposição demais. Pra que falar de tudo isso assim, publicamente? No entanto, não sei fazer de outra forma: a inspiração é a intimidade mesmo. Gosto de falar do que mora dentro de mim.
Mas não é uma ego trip – ou ao menos não gostaria que fosse. Acredito que a cada vez que mostro algo tão meu aqui, consigo construir uma ponte com quem me lê. Quando não vou para o pessoal, a magia não acontece. O texto não toca ninguém.
Enquanto refletia sobre tudo isso, a minha amiga Gisela me mostrou uma frase de James Joyce que fala dessa ideia: “Por mim, eu sempre escrevo sobre Dublin, porque se eu chegar ao coração de Dublin, eu poderei chegar ao coração de todas as cidades do mundo. No particular está contido o universal”.
Não sou James Joyce (quem me dera!), mas vejo muita verdade nisto. Sinto que só consigo tocar o outro quando falo de mim de forma aberta.
Gosto do que a Ana Holanda fala sobre escrita afetuosa – aquela que cria uma relação com quem lê. Se o que escrevo não parte de um lugar profundo, não toca o outro. As minhas palavras me carregam junto para a sua caixa de entrada.
E amo – como não poderia deixar de ser – o que a maravilhosa Brené Brown fala sobre vulnerabilidade. Sem ela, não existe conexão com o outro. E eu estava exausta da minha versão editada, com filtro e script.
Eu sabia de tudo isso quando comecei a escrever e publicar. Mas não imaginava que as conexões estabelecidas seriam tão profundas. As trocas que temos aqui nos comentários e as respostas por email são como aqueles presentes que você não imaginava que ficaria tão feliz de ganhar. O sentir é solitário, mas ele ganha companhia a cada história que recebo de volta que parece dizer: eu também.
Fiquei muito emocionada ao ver quanta gente vibrou com a notícia do meu mestrado. A sensação é de ganhar um monte de amigas virtuais. O meu sonho agora é, quem sabe, fazer um encontro uma hora dessas pra tomar um chá (já aviso aqui: não tomo café) e bater papo. Dar contornos mais concretos a estas conexões tão virtuais. Falar de livros, filhos, amores.
Tudo isso pra dizer: obrigada por acompanhar. Obrigada por vibrar junto. Obrigada por compartilhar.
É acalentador ler, ouvir, vibrar com gente de verdade. Obrigada por compartilhar com gentileza e linda narrativa a sua história. Estou aqui na colheita...um dia floresço também.
Adoro os seus textos, me conecto com muita coisa, repenso outras... a diferença você já trouxe no próprio texto: não é egotrip, é compartilhar o que é importante para você.