Tive uma festa neste sábado e não sabia o que vestir. Era o aniversário de uma das minhas melhores amigas e ela resolveu juntar turmas diferentes. Ou seja: um jantar com um monte de gente que não conhecia.
Meu instinto já sabia: aquela saia midi preta que fica boa em mim com uma camiseta da mesma cor. A ideia era mostrar como sou arrumada e cool tudo num look só. Ainda fiquei na dúvida se ia com um tênis branco, mas já seria exagero, e coloquei uma sandália preta com salto baixo. Pus o bracelete novo, uma maquiagem leve. Pronta.
Terminei de me arrumar e fui colocar a Bia na cama. Só depois descobri que o Luiz estava com uma polo branca, jeans e tênis. O contrate no espelho do elevador dizia tudo: parecíamos ir para festas diferentes. Perguntei se não era o caso de vestir uma camisa, mas ele me contou que o dono da festa tinha avisado para os homens usarem bermuda. Se era uma brincadeira, só descobriríamos lá. (Não era, mas foram poucos os bravos que seguiram o conselho).
A insegura em mim recebeu o aviso instantaneamente: foi também convidada para aquela noite. Mas resolvi insistir, me sentia bonita, a escolha não tinha erro.
Chegamos na festa com um outro casal e ela também estava de jeans. A minha sirene interna disparou: Erro! Erro! Erro!
Voltei na hora para a festa de aniversário de 12 anos do meu primo. Ele era o cara mais popular da escola — e eu, não. Minha mãe escolheu a minha roupa: saia laranja nos joelhos, uma blusa preta, meia-calça. Fui feliz até a casa dele, quando dei de cara com as meninas mais descoladas da classe usando jeans rasgados e blusas justas. Passei a noite inteira querendo me esconder.
Aquela noite deve ser a culpada pela mania que tenho de achar que, em questões de moda, todos estão certos e eu sou a errada. Entrei no apartamento da minha amiga olhando a roupa de todo mundo – não para julgá-las, mas para me julgar. Você pode até me chamar de fútil, mas duvido que nunca tenha sentido alguma forma de insegurança na sua vida.
O meu radar captou de tudo: saias curtas, longas, macacões, tênis, saltos agulha. Vestidos soltos, vestidos justos. A cada mulher que via, sabia que ela era a correta – por mais diferente que uma estivesse da outra. Precisei de um tempo e um drink para relaxar e perceber que a festa era tão eclética e diversa quanto a minha amiga. Não havia certo e errado.
Enquanto o Luiz foi buscar o meu refil, uma mulher (super descolada, macacão, cabelo curto) me chamou para elogiar o bracelete. Ela então estendeu o braço e mostrou uma versão gêmea dele. Pronto: conexão estabelecida.
Esqueci então o que todo mundo vestia e me diverti. A noite passou voando, um gostinho de um mundo pós-pandemia em que o como-foi-o-isolamento-pra-você não foi assunto.
Cheguei em casa alegre, tomei um banho e fui para a cama. Minhas meninas acordariam logo, mas estava meio eufórica com tudo e custei um pouco a desligar. Foi só naquela hora que me dei conta da espécie particular de tortura que a minha insegurança me fez passar.
Lembrei então uma história que li certa vez sobre Bruce Springsteen. Não era que ele não ficasse nervoso antes de subir ao palco. Mas quando estava esperando a hora de entrar e ouvia a multidão gritando e batendo palmas e uma sensação de medo começava a dominar o seu corpo, ele resolveu reinterpretá-la: não era nervosismo, era sinal de que estava pronto.
Resolvi fazer o mesmo: a partir de agora, cada vez que me sentir insegura com o que vesti, vou entender que é sinal de que fui fiel a mim mesma. Essa é quem eu sou.
Como já dizia Nietzs. "Só se pode alcançar grandes êxitos ,quando nos mantemos fiéis a nós mesmo"
Mas tirando essa pagação de erudição aí de cima . Penso muito nesse lance de ter um estilo e ser fiel a ele , com o passar dos tempos. Sempre acho que serei visto como cafona , por manter um visual básicão . Camisa de malha , jeans ,tênis - geralmente sem marca nas camisas e, sempre cor única.Preta,verde garrafa,branca e assim ... Nunca um vermelho ou estampadão. Sem graça . Gosto assim...
Já passei por isso. Mas entendi que quando to “adequada” geralmente to me achando sem graça 😅