Esta newsletter completa hoje um ano. Ela nasceu de forma despretensiosa: num fim de tarde de sábado, enquanto terminava os exercícios da semana d’O Caminho do Artista. Na verdade, era uma ideia que eu já andava namorando, mas quando tive a ideia do nome, senti que era hora de começar.
Vou te falar remete a tudo aquilo que os professores de escrita criativa dizem para não fazer: ao invés de falar, devemos mostrar. Não diga que o personagem é um ansioso, mostre como ele tem insônia e acorda antes de o despertador tocar. Como ele conta calorias da omelete de claras ou já olhou o cardápio do restaurante e decidiu o que iria comer horas antes de sair de casa para o date.
O mostrar traz nuances, borda a personalidade aos poucos, revela o caráter do personagem a conta-gotas para o leitor. O falar é coisa de quem transborda, que precisa contar, dizer do seu jeito como foi que tudo aconteceu. Eu queria um espaço para poder falar.
Queria algo do meu jeito, sem regras ou definições. Sem seguir as fórmulas de crescimento de conteúdo para internet, sem nicho algum. O meu anti-manual de redação dizia (e ainda diz) apenas que eu precisava seguir meu coração e simplesmente falar daquele assunto que mais havia me pegado durante aquela semana.
Criei o logo sozinha, escrevi uma rápida introdução e estava tudo pronto antes da hora do jantar. Comemorei com o Luiz e avisei algumas amigas que a primeira edição seria publicada na terça-feira de manhã. O texto já estava pronto: era um ensaio que havia escrito para me ajudar a processar o burnout que sofri (ele é até hoje um dos posts mais compartilhados desta newsletter).
Eu já havia voltado a escrever para mim desde que começara a fazer as páginas matinais do Caminho do Artista. Aos poucos, elas foram abrindo caminho para crônicas, contos e ensaios. A ideia de começar a publicar aquele tipo de texto me exigiu (e ainda exige) uma dose cavalar de coragem. Aqui me proponho expor um pouco da minha vida e dos meus sentimentos, pois é disso que gosto de falar. É assim que construo pontes com quem me lê.
Aos poucos, o prazer de escrever algo para ser publicado e lido por outros aliado à disciplina se tornou um hábito saudável que pratico por amor. Ele me ajudou a me entender melhor – como disse Joan Didion, “Não sei o que penso até escrever”.
Muita coisa aconteceu neste ano. Tive mais uma filha, decidi encerrar o meu negócio e fazer um mestrado, andei de tirolesa, comecei a lutar kickboxing, cortei o cabelo bem curtinho. Li oitocentos e dezenove livros, assisti a duzentas e trinta e sete séries, conheci dúzias de podcasts. Entrevistei autoras brasileiras maravilhosas e fiz amigas entre as mulheres que leio e me leem também. Nesse período, a newsletter foi a testemunha da minha proposta de viver com autenticidade e seguir as minhas próprias regras.
Pode ser clichê, mas digo que esse é só o começo. A realização de escrever por amor e encontrar um grupo de leitoras e leitores carinhosos com quem posso conversar sobre meus textos e literatura é uma realização de vida – da qual não tenho a menor pretensão de abrir mão.
ahhhh, viiiiva! conheci a news há pouco e adoro!
vida longa à tagarelice!
(e, um dia, me conta: como conciliar baby novinho e escrita? tentando me descobrir aqui)
Obrigada! Ser verdade na escrita é inspirador!