Esta newsletter acabou de fazer um ano. Para comemorar, ela ganhou uma roupa nova, feita pela Design por Duas. Nossa boquinha ganhou um ar mais estilizado e a news ficou mais com a minha cara. Espero que vocês gostem tanto quanto eu!
Quando viajo com o Luiz é sempre a mesma coisa. Ele me pergunta como consigo ficar tão leve e animada para a viagem. Não um julgamento, mas um pedido de ajuda. Como encarar bem a ausência de uma semana?
Eu me conheço: apesar do coração apertado de deixar nossas meninas, fico animadíssima. Me vejo no avião, com tempo para ler um romance sem ninguém me pedir pra jogar Roblox no iPad. Me imagino na praia, jogando papo pro ar e tomando um drink, sem nenhum choro de bebê avisando que é hora de cuidar, de alimentar, de trocar a fralda. Já quase consigo sentir o gostinho de uma semana na qual o papel de mamãe ficará num segundo plano.
Mas sei que quanto mais se aproxima a data da partida, mais sofro. No dia da viagem, parece insuportável. Me controlo para não chorar na despedida e guardo as lágrimas para o táxi. Faço pressão para sairmos antes do horário combinado, só para eu não precisar estender aquele momento.
Ele não. Ele sofre o tempo inteiro, de modo constante. Não existe uma progressão. Eu pareço guardar a angústia para a hora de sair de casa. O caminho para o aeroporto é horrível, mas tudo melhora como num passe de mágica assim que chego no Duty Free. Parece que ali começa o gostinho da viagem.
A logística das meninas é enorme e deixo tudo organizado uma semana antes. Faço uma planilha para a rotina da Bia. Que horas acorda, que horas sai da escola, quem busca. Parece pouco: faço mais uma, desta vez com todas as papinhas da Isadora e as refeições da Bia, inclusive cafés da manhã e lancheiras da escola.
Compro mantimentos, estoco a despensa, faço um pequeno estoque de fraldas e quadradinhos de algodão. Escrevo bilhetinhos para a minha mãe entregar para a Bia em alguns dias da minha ausência.
Na semana passada, ouvi um podcast com a psicanalista e minha amiga Helena Cunha di Ciero (lembra dela daqui?). No episódio, ela falava sobre a “mãe invisível”:
“Uma mãe é todo um ambiente que ela proporciona numa casa. Então ela não é só aquela figura viva. Uma mãe é a flor que está no vaso, é o papel higiênico que está no banheiro, é o supermercado.”
A mãe invisível, me ensina a Helena, deixa sua presença mesmo quando não está lá.
Olho ao redor e vejo todos os sinais do meu amor espalhados pela casa. A porta da geladeira, lotada de fotos e ímãs divertidos, agora também com a programação das meninas. Vejo a despensa cheia e uma pequena farmácia guardada no meu banheiro para eventuais febres e resfriados. Tem brinquedo, lição de casa, mochila pronta para a natação.
Eu achava que fazia aquela organização toda para ajudar os avós. Mas ouvindo a Helena, descobri que era simplesmente um jeito de virar invisível.
Amiga, os olhos encheram de lágrimas aqui. Uma ótima viagem para você. As meninas vão se divertir também nas novidades na rotina delas e o seu amor e carinho estará em cada detalhe. Aproveita muito. Ps. Amei o novo logo <3
Que linda a nova identidade!
E ainda me recuperando dessa ideia de 'mãe invisível'... <3