O que aprendi em três anos de newsletter
Edição #272: Um anúncio legal: ela vai virar livro!
A ideia estava rondando havia meses, mas foi num sábado à noite, no meio da pandemia, que ela ganhou corpo. Foi quando eu tive uma ideia de um nome: Vou te falar. Eu tinha acabado de sair de uma oficina de escrita criativa e a professora havia falado sobre a regra básica da ficção: não falar no texto, mas sim mostrar ao leitor o que você quer dizer. Não dizer que o personagem estava nervoso, mas mostrar ele roendo as unhas, falando besteira, fritando de insônia na cama.
Entendi na hora que eu queria fazer justamente o oposto: um lugar para poder falar tudo o que quisesse, sem muita regra, editoria ou estratégia.
Corri para o Substack e registrei o nome. Fiz um logo no Canva e comecei a escrever. A primeira edição foi ao ar na terça-feira seguinte. E olha só que coisa mais incrível: esta newsletter está completando três anos. Quando olho para trás e penso em tudo que aconteceu nestes três anos, mal acredito.
Tive uma filha. Superamos a pandemia. Peguei Covid na primeira festa que fui. Entrei no mestrado. Fiz sessões de biblioterapia, apresentei algumas edições de um salão literário, escrevi freelas para a Folha. Assinei durante um ano uma coluna na Vida Simples. Li centenas de livros (literalmente). Criei um podcast.
O único período em que fiquei sem publicar foi logo após o ataque do Hamas em Israel no dia 7 de outubro. Nas semanas que seguiram ao ataque, tive muita aflição de me expor publicamente aqui e falar tudo o que pensava. Não foi um temor infundado - quando pus o pé na água para testar a temperatura e tentei escrever sobre o assunto, recebi uma chuva de ataques. Voltei aos poucos a publicar aqui no mesmo ritmo - mas falando sobre outros assuntos. Quem me lê sabe que esta foi uma questão que só comecei a resolver mesmo nas últimas semanas.
Nestes três anos, teve de tudo. Filhas doentes, viroses à solta pela casa, semanas de férias, brigas e celebrações, muita insônia e muito motivo de alegria. Reconhecer que consegui manter a disciplina da escrita no meio de tanta vida acontecendo é algo que me enche de orgulho.
Vi o livro novo da
(recomendo muito!) e tenho pensado tanto nos da e da Helena Cunha di Ciero e tem me batido uma vontade enorme de fazer o meu também. As três são minhas grandes referências e é incrível ver como o trabalho de cada uma delas abriu caminhos novos para mim. Estou há meses conversando com uma editora, fazendo planos, e me permitindo sonhar. Agora posso contar que o meu livro vai nascer e que já estamos trabalhando nele.Neste processo de trabalhar no livro, tenho mergulhado em todas as edições desta newsletter - e queria compartilhar com vocês alguns aprendizados deste exercício.
Às vezes, você precisa de tempo para entender o que é aquilo
Quando comecei a news, o meu objetivo era exercitar a escrita e abordar todos os temas que eu quisesse, sem nenhum nicho específico. Era um exercício de rebeldia depois de tantos anos escrevendo só sobre um tema no meu antigo negócio. Eu queria falar sobre literatura e tudo aquilo que aprendo nos livros. Escrever crônicas, ensaios, reflexões. Uma edição podia ser sobre moda, o outro sobre a pandemia.
Mas foi só quando parei para reler tudo que compreendi que existia uma proposta maior por trás de tudo isso. Comecei a ver um fio em comum que atravessava cada texto. Entendi que o que eu realmente gosto de fazer é buscar nos livros pistas para entender as minhas próprias questões. Como se fosse uma terapia literária compartilhada: eu mergulho em um tema, entrelaço com a minha vida e as minhas histórias, e tento compreender o que há por trás daquilo - com a ajuda dos livros.
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